ESTRANHA MORAL - Capítulo XXIII





Estranha Moral - Capítulo  XXIII

     Odiar os pais. - Abandonar pai, mãe e filhos. - Deixar aos mortos o cuidado de
enterrar seus mortos. - Não vim trazer a paz, mas, a divisão.

       Odiar Os Pais

       1. Como nas suas pegadas caminhasse grande massa de povo, Jesus, voltando-se, disse-lhes: 
       - Se alguém vem a mim e não odeia a seu pai e a sua mãe, a sua mulher e a seus filhos, a seus irmãos e irmãs, mesmo a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.
        - E quem quer que não carregue a sua cruz e me siga, não pode ser meu
discípulo.
        - Assim, aquele dentre vós que não renunciar a tudo o que tem não pode ser meu discípulo. (S. LUCAS, cap. XIV, vv. 25 a 27 e 33.)


       2. Aquele que ama a seu pai ou a sua mãe, mais do que a mim, de mim não é digno; aquele que ama a seu filho ou a sua filha, mais do que a mim, de mim não é digno. (S. MATEUS, cap. X, v. 37.)


     3. Certas palavras, aliás muito raras, atribuídas ao Cristo, fazem tão singular contraste com o seu modo habitual de falar que, instintivamente, se lhes repele o sentido literal, sem que a sublimidade da sua doutrina sofra 
qualquer dano. 
     Escritas depois de sua morte, pois que nenhum dos Evangelhos foi redigido enquanto ele vivia, lícito é acreditar-se que, em casos como este, o fundo do seu pensamento não foi bem expresso, ou, o que não é menos provável, o sentido primitivo, passando de uma língua para outra, há de ter experimentado alguma alteração. 

     Basta que um erro se haja cometido uma vez, para que os copiadores o tenham repetido, como se dá freqüentemente com relação aos fatos históricos.
     O termo odiar, nesta frase de S. Lucas: "Se alguém vem a mim e não odeia a seu pai e a sua mãe", está compreendido nessa hipótese. A ninguém acudirá atribuí-la a Jesus. 
     Será então supérfluo discuti-la e, ainda menos, tentar justificá-la.    
     Importaria, primeiro, saber se ele a pronunciou e, em caso afirmativo, se, na língua em que se exprimia, a palavra em questão tinha o mesmo valor que na nossa. 

     Nesta passagem de S. João: "Aquele que odeia sua vida, neste mundo, a conserva para a vida eterna", é indubitável que ela não exprime a idéia que lhe
atribuímos.
     A língua hebraica não era rica e continha muitas palavras com várias significações.
     Tal, por exemplo, a que no Gênese, designa as fases da criação: servia, simultaneamente, para exprimir um período qualquer de tempo e a revolução diurna. 
     Daí, mais tarde, a sua tradução pelo termo dia e a crença de que o mundo foi obra de seis vezes vinte e quatro horas. 
     Tal, também, a palavra com que se designava um camelo e um cabo, uma vez que os cabos eram feitos de pêlos de camelo. 

Daí o haverem-na traduzido pelo termo camelo, na alegoria do buraco de uma agulha. (Ver capítulo XVI, nº 2.) (1)
__________
(1) Non odit, em latim: Kaï ou miseï em grego, não quer dizer odiar, porém, amar menos. 
     O que o verbo grego miseïn exprime, ainda melhor o expressa o verbo hebreu, de que Jesus se há de ter servido. 
     Esse verbo não significa apenas odiar, mas, também amar menos, não amar igualmente, tanto quanto a um outro. 
     No dialeto siríaco, do qual, dizem, Jesus usava com mais freqüência, ainda melhor acentuada é essa significação. 
     Nesse sentido é que o Gênese (capítulo XXIX, vv. 30 e 31) diz: “E Jacob amou também mais a Raquel do que a Lia, e Jeová, vendo que Lia era odiada...” 

       É evidente que o verdadeiro sentido aqui é: menos amada.
      Assim se deve traduzir. 
     Em muitas outras passagens hebraicas e, sobretudo, siríacas, o mesmo verbo é empregado no sentido de não amar tanto quanto a outro, de sorte que fora contra-senso traduzi-lo por odiar, que tem outra acepção bem determinada. 
     O texto de S. Mateus, aliás, afasta toda a dificuldade. - ( Nota do Sr.Pezzani.)


     Cumpre, ao demais, se atenda aos costumes e ao caráter dos povos, pelo muito que influem sobre o gênio particular de seus idiomas. Sem esse conhecimento, escapa amiúde o sentido verdadeiro de certas palavras. 

     De uma língua para outra, o mesmo termo se reveste de maior OU menor energia. Pode, numa, envolver injúria ou blasfêmia, e carecer de importância noutra, conforme a idéia que suscite. 
     Na mesma língua, algumas palavras perdem seu valor com o correr dos séculos. Por isso é que uma tradução rigorosamente literal nem sempre exprime perfeitamente o pensamento e que, para manter a exatidão, se tem às vezes de empregar, não termos correspondentes, mas outros equivalentes, ou perífrases.

     Estas notas encontram aplicação especial na interpretação das Santas Escrituras e, em particular, dos Evangelhos. 
     Se se não tiver em conta o meio em que Jesus vivia, fica-se exposto a equívocos sobre o valor de certas expressões e de certos fatos,em conseqüência do hábito em que se está de assimilar os outros a si próprio. 
     Em todo caso, cumpre despojar o termo odiar da sua acepção moderna, como contrária ao espírito do ensino de Jesus. (Veja-se também o cap. XIV, nº 5 e seguintes.)

     Abandonar pai, mãe e filhos

     4. Aquele que houver deixado, pelo meu nome, sua casa, os seus irmãos, ou suas irmãs, ou seu pai, ou sua mãe, ou sua mulher, ou seus filhos, ou suas terras, receberá o cêntuplo de tudo isso e terá por herança a vida eterna. (S. MATEUS, cap. XIX, v. 29.)

     5. Então, disse-lhe Pedro: Quanto a nós, vês que tudo deixamos e te seguimos. -
Jesus lhe observou: Digo-vos, em verdade, que ninguém deixará, pelo reino de Deus, sua casa, ou seu pai, ou sua mãe, ou seus irmãos, ou sua mulher, ou seus filhos - que não receba, já neste mundo, muito mais, e no século vindouro a vida eterna. (S. LUCAS, cap. XVIII, vv. 28 a 30.)



     6. Disse-lhe outro: Senhor, eu te seguirei; mas, permite que, antes, disponha do que tenho em minha casa.
      - Jesus lhe respondeu: Quem quer que, tendo posto a mão na charrua, olhar para trás, não está apto para o reino de Deus. (S. LUCAS, cap. IX, vv. 61
e 62.)


     Sem discutir as palavras, deve-se aqui procurar o pensamento, que era, evidentemente, este:
     -  "Os interesses da vida futura prevalecem sobre todos os interesses e todas as considerações humanas", porque esse pensamento está de acordo com a substância da doutrina de Jesus, ao passo que a idéia de uma renunciação à família seria a negação dessa doutrina.

     Não temos, aliás, sob as vistas a aplicação dessas máximas no sacrifício dos interesses e das afeições de família aos da Pátria? 
     Censura-se, porventura, aquele que deixa seu pai, sua mãe, seus irmãos, sua mulher, seus filhos, para marchar em defesa do seu país? 
     Não se lhe reconhece, ao contrário, grande mérito em arrancar-se às doçuras do lar doméstico, aos liames da amizade, para cumprir um dever? 
     E que, então, há deveres que sobrelevam a outros deveres. 
     Não impõe a lei à filha a obrigação de deixar os pais, para acompanhar o esposo?
     
     Formigam no mundo os casos em que são necessárias as mais penosas separações. Nem por isso, entretanto, as afeições se rompem. 
     O afastamento não diminui o respeito, nem a solicitude do filho para com os pais, nem a ternura destes para com aquele. 
     Vê-se, portanto, que, mesmo tomadas ao pé da letra, excetuado o termo odiar, aquelas palavras não seriam uma negação do mandamento que prescreve ao homem honrar a seu pai e a sua mãe, nem do afeto paternal; 
     Com mais forte razão, não o seriam, se tomadas segundo o espírito. 
     Tinham elas por fim mostrar, mediante uma hipérbole, quão imperioso é para a criatura o dever de ocupar-se com a vida futura. 

     Aliás, pouco chocantes haviam de ser para um povo e numa época em que, como conseqüência dos costumes, os laços de família eram menos fortes, do
que no seio de uma civilização moral mais avançada. 
     Esses laços, mais fracos nos povos primitivos, fortalecem-se com o desenvolvimento da sensibilidade e do senso moral. 
     A própria separação é necessária ao progresso. Assim as famílias como as raças se abastardam, desde que se não entrecruzem, se não enxertem umas
nas outras. 
     É essa uma lei da Natureza, tanto no interesse do progresso moral, quanto no do progresso físico.


     Aqui, as coisas são consideradas apenas do ponto de vista terreno. O Espiritismo no-las faz ver de mais alto, mostrando serem os do Espírito, e não os do corpo os verdadeiros laços de afeição; 
     Que aqueles laços não se quebram pela separação, nem mesmo pela morte do corpo; 
     Que se robustecem na vida espiritual, pela depuração do Espírito, verdade consoladora da qual grande força haurem as criaturas, para suportarem as vicissitudes da vida. 
(Cap. IV, nº 18; cap. XIV, nº 8.)


do livro "O Evangelho Segundo O Espiritismo Estranha Moral - Capítulo  XXIII"

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Faça aqui seu comentário.

Google Tradutor

Quem sou eu

Arquivo Do Blog

Os Mais Visualizados

Veja Meus Outros Blogs

A Historia De Hanã -Primeiras Pregações





Primeiras Pregações  

       Nos primeiros dias do ano 30, antes de suas gloriosas manifestações, avistou-se Jesus com o Batista, no deserto triste da Judéia, não muito longe das areias ardentes da Arábia. 
       Ambos estiveram juntos, por alguns dias, em plena Natureza, no campo ríspido do jejum e da penitência do grande precursor, até que o Mestre Divino, despedindo-se do companheiro, demandou ao oásis de Jericó, uma bênção de verdura e águas entre as inclemências da estrada agreste. 
       De Jericó dirigiu-se então a Jerusalém, onde repousou, ao cair da noite.            
       Sentado como um peregrino, nas adjacências do Templo, Jesus foi notado por um grupo de sacerdotes e pensadores ociosos, que se sentiram atraidos pelos seus traços de formosa originalidade, e pelo seu olhar lúcido e profundo.          Alguns deles se afastaram, sem maior interesse, mas Hanã, que seria, mais tarde, o juiz inclemente de sua causa, aproximou-se do desconhecido e dirigiu-se-lhe com orgulho:   
       - Galileu, que fazes na cidade?   
       - Passo por Jerusalém, buscando a fundação do Reino de Deus!  exclamou o Cristo, com modesta nobreza.  
       - Reino de Deus?  tornou o sacerdote com acentuada ironia.  E que pensas tu venha a ser isso?   
       - Esse Reino, é a obra divina no coração dos homens!  esclareceu Jesus, com grande serenidade.  
       - Obra divina... em tuas mãos?  revidou Hanã, com uma gargalhada de desprezo.  
       
       E, continuando as suas observações irônicas, perguntou:  
       - Com que contas para levar avante essa difícil empresa? Quais são os teus seguidores e companheiros?... Acaso terás conquistado o apoio de algum príncipe desconhecido e ilustre, para auxiliar-te na execução de teus planos?   
       - Meus companheiros hão de chegar de todos os lugares,  respondeu o Mestre com humildade.   
       - Sim  observou Hanã, — os ignorantes e os tolos estão em toda parte na Terra. - Certamente que esse representará o material de tua edificação.    
       Entretanto, propões-te realizar uma obra divina e já viste alguma estátua perfeita modelada em fragmentos de lama?  
       - Sacerdote replicou-lhe Jesus, com energia serena, — nenhum mármore existe mais puro e mais formoso do que o do sentimento,... e nenhum cinzel é superior ao da boa-vontade.  

       Impressionado com a resposta firme e inteligente, o famoso juiz ainda interrogou:   
       - Conheces Roma ou Atenas?   
       - Conheço o Amor e a Verdade disse Jesus convictamente.   
       - Tens ciência dos códigos da Corte Provincial e das leis do Templo? inquiriu Hanã, inquieto.   
       - Sei qual é a vontade de meu Pai que está nos céus  respondeu o Mestre, brandamente.  
      - O sacerdote o contemplou irritado e, dirigindo-lhe um sorriso de profundo desprezo, demandou a Torre Antônia, em atitude de orgulhosa superioridade.  

       No dia seguinte, pela manhã, o mesmo formoso peregrino foi ainda visto a contemplar as maravilhas do santuário, alguns minutos antes de internar-se pelas estradas banhadas de sol, a caminho de sua Galiléia distante.  
       Daí a algum tempo, depois de haver passado por Nazaré, descansando igualmente em Caná, Jesus se encontrava nas circunvizinhanças da cidadezinha de Cafarnaum, como se procurasse, com viva atenção, algum amigo que estivesse à sua espera.  
       Em breves instantes, ganhou as margens do Tiberíades e se dirigiu, resolutamente, a um grupo alegre de pescadores, como se, de antemão, os conhecesse a todos.  
       A manhã era bela, no seu manto diáfano de radiosas neblinas. As águas transparentes vinham beijar os eloendros da praia, como se brincassem ao sopro das virações perfumadas da Natureza. 

       Os pescadores entoavam uma cantiga rude e, dispondo inteligentemente as barcaças móveis, deitavam as redes, em meio de profunda alegria.  
       Jesus aproximou-se do grupo e, assim que dois deles desembarcaram em terra, falou-lhes com amizade:   
       - Simão e André, filhos de Jonas, venho da parte de Deus e vos convido a trabalhar pela instituição de seu reino na Terra!  
       André lembrou-se de já o ter visto, nas cercanias de Betsaida, e do que lhe haviam dito a seu respeito, enquanto que Simão, embora agradavelmente surpreendido, o contemplava, enleado. 
       Mas, quase a um só tempo, dando expansão aos seus temperamentos acolhedores e sinceros, exclamaram respeitosamente: 
       - Sede bem-vindo!...  Jesus então lhes falou docemente do Evangelho, com o olhar incendiado de júbilos divinos.  

       Estando muitos outros companheiros do lago a observar de longe os três, André, manifestando a sua tocante ingenuidade, exclamou comovido:   
       - Um rei? Mas em Cafarnaum existem tão poucas casas!..  
       Ao que Pedro obtemperou, como se a boa-vontade devesse suprir todas as deficiências:   
       - O lago é muito grande e há várias aldeias circundando estas águas, O reino poderá abrangê-las todas!  
       Isso dizendo, fixou em Jesus o olhar perquiridor, como se fora uma grande criança meiga e sincera, desejosa de demonstrar compreensão e bondade.
        O Senhor esboçou um sorriso sereno, e, como se adiasse com prazer as suas explicações para mais tarde, inquiriu generosamente:   
       - Quereis ser meus discípulos?  
       André e Simão se interrogaram a si mesmos, permutando sentimentos de admiração embevecida. Refletia Pedro: - que homem seria aquele? onde já lhe escutara o timbre carinhoso da voz íntima e familiar? 

       Ambos os pescadores se esforçavam por dilatar o domínio de suas lembranças, de modo a encontrá-lo nas recordações mais queridas.
       Não sabiam, porém, como explicar aquela fonte de confiança e de amor que lhes brotava no âmago do espírito e, sem hesitarem, sem uma sombra de dúvida, responderam simultaneamente:   
       - Senhor, seguiremos os teus passos. 
        Jesus os abraçou com imensa ternura e, como os demais companheiros se mostrassem admirados e trocassem entre si ditérios ridicularizadores, o Mestre, acompanhado de ambos e de grande grupo de curiosos, se encaminhou para o centro de Cafarnaum, onde se erguia  a Intendência de Ântipas. 
       Entrou calmamente na coletoria e, avistando um funcionário culto, conhecido publicano da cidade, perguntou-lhe:   
       - Que fazes tu, Levi?  
       O interpelado fixou-o com surpresa; mas, seduzido pelo suave magnetismo de seu olhar, respondeu sem demora:   
       - Recolho os impostos do povo, devidos a Herodes.   
       - Queres vir comigo para recolher os bens do céu?   perguntou-lhe Jesus, com firmeza e doçura.  
       
       Levi, que seria mais tarde o apóstolo Mateus, sem que pudesse definir as santas emoções que lhe dominaram a alma, atendeu, comovido:   
       - Senhor, estou pronto!..   
       - Então, vamos  disse Jesus, abraçando-o.  
       Em seguida, o numeroso grupo se dirigiu para a casa de Simão Pedro, que oferecera ao Messias acolhida sincera em sua residência humilde, onde o Cristo fez a primeira exposição de sua consoladora doutrina, esclarecendo que a adesão desejada era a do coração sincero e puro, para sempre, às claridades do seu reino. 
       Iniciou-se naquele instante a eterna união dos inseparáveis companheiros.        Na tarde desse mesmo dia, o Mestre fez a primeira pregação da Boa Nova na praça ampla, cercada de verdura e situada naturalmente junto às águas.  
       No céu, vibravam harmonias vespertinas, como se a tarde possuísse também uma alma sensível. 
        
       As árvores vizinhas acenavam os ramos verdes ao vento do crepúsculo, como mãos da Natureza que convidassem os homens à celebração daquele primeiro ágape. 
       As aves ariscas pousavam de leve nas alcaparreiras mais próximas, como se também desejassem senti-lo, e na praia extensa se acotovelava a grande multidão de pescadores rústicos,... de mulheres aflitas, por continuadas flagelações,... de crianças sujas e abandonadas,... misturados com publicanos,... pecadores com homens analfabetos e simples,... que haviam acorrido, ansiosos por ouvi-lo.  
       Jesus contemplou a multidão e enviou-lhes um sorriso de satisfação.     
       Contrariamente às ironias de Hanã, ele aproveitaria o Sentimento como mármore precioso,... e a boa vontade como cinzel divino. 
       Os ignorantes do mundo,... os fracos,... os sofredores,... os desalentados,... os doentes e os pecadores,... seriam em suas mãos o material de base para a sua construção eterna e sublime. 

       Converteria toda miséria e toda dor num cântico de alegria, e, tomado pelas inspirações sagradas de Deus, começou a falar da maravilhosa beleza do seu reino. 
       Magnetizado pelo seu amor, o povo o escutava num grande transporte de ventura. No céu havia uma vibração de claridade desconhecida.  
       Ao longe, no firmamento de Cafarnaum, o horizonte se tornara um deslumbramento de luz e, bem no alto, na cúpula dourada e silenciosa, as nuvens delicadas e alvas tomavam a forma suave das flores e dos arcanjos do Paraíso.  
 Do livro BOA NOVA  
 Pelo Espírito - Humberto De Campos    
psicografia - Francisco Cândido Xavier

AS LEIS DE DEUS (ótima explicação!)


AS  LEIS  DE  DEUS
       Todas as leis de Deus existem para atender os processos de vida cósmica, nos quais tudo se encontra mergulhado.
       Do mesmo modo que uma cidade para existir e funcionar devidamente carece de normativas variadas, desde o traçado ou mapeamento urbano, passando pelos códigos diversos para o trânsito, para o mercantilismo, para os processos de compra e venda, até as questões dos direitos e dos deveres dos cidadãos, dos grupos, das sociedades em seus diferenciados segmentos;
       
       Não poderiam ser diferente ou tratados de modo inferior, os multiplicados códigos e leis que regulam a vida nessa gigantesca cidade sideral que é o planeta Terra, bem como nesse estado imenso que é o nosso sistema solar, até os seus relacionamentos com as outras comunidades cósmicas, além do que conhecemos.
       As leis de Deus, ajustadas às necessidades das Suas criaturas, vibram em toda parte, vibram em todas as coisas e em todos os seres.
       Cabe a cada um de nós, cidadãos dessa vastíssima comunidade sideral, enquadrarmo-nos no cumprimento dessas determinações que visam ao bem geral, partindo do bem individual.
       Urge que não desconheçamos que, não obstante marcados pelas leis do campo moral, na condição de espíritos eternos, sofremos a atuação das leis que regem o campo físico, em virtude de estarmos, ainda, vestidos por uma indumentária corpórea, habitando uma cidade planetária de características eminentemente materiais.
       Vale cumprir os preceitos dessas Leis, para que alcancemos a conquista de nós mesmos, alcandorando-nos para a Grande Luz.
       Tudo é regido pelas Leis de Deus, e nós somos os que devemos evoluir, a fim de fazer com que se cumpram esses dispositivos em todo o universo, ocupando a nossa posição de cooperadores do Criador, para homenagear a vida, cantando em toda a parte as glórias do Senhor.
(De “Nossas Riquezas Maiores”, de J. Raul Teixeira – diversos espíritos)

DEIXE SEU RECADO

A Escola Das Almas - (Linda mensagem!!!)







A Escola Das Almas

       Congregados, em torno do Cristo, os domésticos de Simão ouviram a voz suave e persuasiva do Mestre, comentando os sagrados textos.
       Quando a palavra divina terminou a formosa preleção, a sogra de Pedro indagou, inquieta:
       — Senhor, afinal de contas, que vem a ser a nossa vida no lar?
       Contemplou-a Ele, significativamente, demonstrando a expectativa de mais amplos esclarecimentos, e a matrona acrescentou:
       — Iniciamos a tarefa entre flores para encontrarmos depois pesada colheita de espinhos.
       
       No começo é a promessa de paz e compreensão; entretanto, logo após, surgem pedras e dissabores...
       Reparando que a senhora galiléia se sensibilizara até às lágrimas, deu-se pressa Jesus em responder:
       — O lar é a escola das almas, o templo onde a sabedoria divina nos habilita, pouco a pouco, ao grande entendimento da Humanidade.
       E, sorrindo, perguntou:
       — Que fazes inicialmente às lentilha, antes de servi-las à refeição?
       A interpelada respondeu, titubeante:
       — Naturalmente, Senhor, cabe-me levá-las ao fogo para que se façam suficientemente cozidas. Depois, devo temperá-las, tornando-as agradáveis ao sabor.

       — Pretenderias, também, porventura, servir pão cru à mesa?
       — De modo algum, tornou a velha humilde, antes de entregá-lo ao    
consumo caseiro, compete-me guardá-lo ao calor do forno. Sem essa medida...
       O Divino Amigo então considerou:
       — Há também um banquete festivo, na vida celestial, onde nossos sentimentos devem servir à glória do Pai. 
       - O lar, na maioria das vezes, é o cadinho santo ou o forno preparador. 
que nos parece aflição ou sofrimento dentro dele é recurso espiritual. O coração acordado para a Vontade do Senhor retira as mais luminosas bênçãos de suas lutas renovadoras, porque, somente aí, de encontro uns com os outros, examinando aspirações e tendências que não são nossas, observando defeitos alheios e suportando-os, aprendemos a desfazer as próprias imperfeições.

       Nunca notou a rapidez da existência de um homem? A vida carnal é idêntica à flor da erva. Pela manhã emite perfume, à noite, desaparece... 
       - O lar é um curso ligeiro para a fraternidade que desfrutaremos na vida eterna. Sofrimentos e conflitos naturais, em seu círculo, são lições.
       A sogra de Simão escutou, atenciosa, e ponderou:
       — Senhor, há criaturas, porém, que lutam e sofrem; no entanto, jamais aprendem.
       O Cristo pousou na interlocutora os olhos muito lúcidos e tornou a indagar:
       — Que fazes das lentilhas endurecidas que não cedem à ação do fogo?
       — Ah! sem dúvida, atiro-as ao monturo, porque feririam a boca do comensal descuidado e confiante.

       — Ocorre o mesmo — terminou o Mestre — com a alma rebelde às sugestões edificantes do Lar. 
       - A luta comum mantém a fervura benéfica; todavia, quando chega a morte, a grande selecionadora do alimento espiritual para os celeiros de Nosso Pai, os corações que não cederam ao calor santificante, mantendo-se na mesma dureza, dentro da qual foram conduzidos ao forno bendito da carne, serão lançados fora, a fim de permanecerem, por tempo indeterminado, na condição de adubo, entre os detritos da Natureza.

do livro Jesus No Lar
Francisco Cândido Xavier
Pelo Espírito Neio Lúcio


Dormir,... É Coisa Séria...





Dormir É Coisa Séria
       Passamos em média mais de 30% da vida dormindo e consideramos ser somente um descanso físico, e isso é um engano.
       
       Nos arrumamos para eventos, vestimos uniforme para trabalhar, nos produzimos para festas, entre outros e esquecemos de nos prepararmos adequadamente para o momento do sono, ou seja o momento em que a alma emancipa.

       Por quê deveríamos nos preparar e como nos prepararíamos?
-Devemos nos preparar pois, poderemos nos encontrar com entes queridos desencarnados, amigos e até nosso benfeitor (nosso anjo).
       
       -Devemos não perturbar nossa mente com os problemas do dia, não assistirmos filmes violentos, não ouvirmos músicas agitadas, não discutir, entre tantas outras dicas.

       Mude seus hábitos lendo um livro edificante, ouvindo uma música clássica, fazendo uma oração sentida ou uma reflexão com quem mora com você, etc. Essas ajudas irão contribuir até para sua memória na experiência.

       - É,... dormir,... é coisa séria.


Stela Onishi